Da Redação com Agência MPF (Ministério Público Federal)
MANAUS – O MPF denunciou Aldione Souza Cordovil pelo exercício ilegal da medicina, além da falsificação de documentos públicos, uso de documentos falsos e fraude processual. Ele apresentou diploma de medicina e certificações falsos, supostamente emitidos por instituição da Bolívia, para obter a revalidação no Brasil, junto à UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Aldione inscreveu-se nos Conselhos Regionais de Medicina do Amazonas e do Mato Grosso e praticou a profissão ilegalmente por quase nove anos, de abril de 2009 a fevereiro de 2018, inclusive integrando o PSF (Programa de Saúde da Família) em prefeituras e outros órgãos públicos.
De acordo com o MPF, “ele colocou em risco a saúde, a integridade física e até mesmo a vida de quem, incauto, com ele se consultou desde então”.
O MPF destaca também que o falso médico prestou prova cognitiva e foi reprovado. De um total de 40 questões em cada área, ele acertou 9 perguntas de Clínica Médica; 7 de Clínica Cirúrgica; 15 de Saúde Coletiva; 8 de Pediatria/Puericultura e 12 de Ginecologia/Obstetrícia.
Inquérito
Após inquérito na UFRN que reconheceu a fraude em 2019, o denunciado apresentou novos documentos falsos à universidade e à apuração criminal em andamento na Polícia Federal, supostamente emitidos pela UNITEPC (Universidad Tecnica Privada Cosmos), da Bolívia, que atestariam a validade de seu diploma.
A instituição boliviana, porém, confirmou que o denunciado nunca esteve matriculado no seu quadro de alunos e que não emitiu diploma de graduação em medicina no seu nome.
O MPF afirma que “mesmo após descoberta a sua fraude e suspensas suas inscrições nos referidos Conselhos Regionais de Medicina, o denunciado insistiu na tentativa de exercício irregular da profissão, enganando a população”.
O MPF também requereu medida cautelar para que o denunciado seja proibido de exercer a medicina enquanto durar o processo.
Esquema de falsificação
O MPF alerta que há suspeita de um esquema de falsificação de diplomas a partir de universidades bolivianas, dentre elas a UNITEPC, com a investigação de casos semelhantes.
A UFRN decidiu investigar vários diplomas revalidados na instituição na mesma época, chegando à conclusão de que 14 deles eram falsos.
Investigações policiais demonstram que a UFRN não é a única instituição de ensino vítima de fraudes envolvendo universidades bolivianas.
Pelo menos outros 41 supostos graduados teriam fraudado diplomas de medicina, emitidos por universidades bolivianas.