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A luta contra o feminicídio e pela democracia liderada por três mulheres, irmãs e ativistas, nascidas na República Dominicana, transformou-se no símbolo da resistência feminina em todo o mundo. Minerva, Maria Teresa e Pátria Mirabal, conhecidas como irmãs Mirabal, foram assassinadas, no dia 25 de novembro de 1960, pelas forças de repressão da ditadura do presidente dominicano Rafael Leónidas Trujillo (1930-1961). O fato culminou na criação do Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 25 de novembro, data da morte das irmãs.
Neste ano de 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lidera ações na campanha de 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher. Iniciada no dia 20 de novembro e com fim previsto para 10 de dezembro, a campanha promove reflexões sobre os cenários de violência de gênero e vulnerabilidade das mulheres, além de relembrar a trajetória das irmãs Mirabal.
Legado
“Se me matam, levantarei os braços do túmulo e serei mais forte”, assim respondeu Minerva Mirabal àqueles que a alertavam sobre os riscos de ser morta por seu ativismo, pela ditadura de Trujillo. Com curso superior, algo raro para mulheres no período, todas eram casadas com ativistas e tinham filhos e se tornaram exemplo também para a emancipação feminina.
Interceptadas por agentes da polícia secreta do regime de Trujillo, as irmãs foram enforcadas e espancadas na província de Salcedo. Mesmo com as manobras para fazer o atentado parecer um acidente de carro, a comoção gerada pela morte das irmãs terminou por fortalecer a resistência política ao então presidente Trujillo.
No documentário Las Mariposas: Hermanas Mirabal, lançado em 2011, filhos e a quarta irmã, Bélgica Adelia Mirabal, chamada de Dedé Mirabal, relembram todo processo que levou à morte delas, e as repercussões, nas décadas seguintes, do assassinato. Dedé, falecida em 2014, criou os cinco filhos deixados por Minerva, Pátria e Maria Teresa.
Em vida, Dedé buscou manter vivo o nome e o legado de suas irmãs, reconhecidos internacionalmente. “Quando me perguntam o porquê de eu não ter sido assassinada, sempre respondo: para que eu pudesse contar a verdade. As pessoas precisam saber o que houve, para que isso não se repita”, dizia Dedé.
Para a filha de Minerva, Minou Tavárez, que se destacou como deputada por vários mandatos e forte nome político dominicano, as irmãs Mirabal foram capazes de dar suas próprias vidas em defesa dos valores que elas acreditavam, da liberdade pela qual lutaram, para todo o povo dominicano. O depoimento pode ser conferido no documentário Las Mariposas.
Homenagem
Em 2021, a Embaixada da República Dominicana inaugurou, na área externa da representação diplomática, a Praça Irmãs Mirabal, monumento símbolo da luta contra o feminicídio. A praça, além de homenagear as ativistas, integrou as comemorações dos 110 anos de relações diplomáticas entre Brasil e a República Dominicana.
A história das irmãs Mirabal foi contada no cinema e em documentários de curta e média metragens, que podem ser vistos em plataformas de streaming. O filme No tempo das borboletas (2001), baseado no livro homônimo de Júlia Alvarez, traz Salma Hayek no elenco e reconta os fatos a partir de Minerva Mirabal.
Já o documentário Las Mariposas, as irmãs Mirabal, produzido na República Dominicana, traz depoimentos dos filhos, da irmã Dedé e do viúvo de Maria Teresa. A animação Who were Las Mariposas, and why were they murdered?, de Lisa Krause, também narra todo o episódio, incluindo as perseguições impostas pelo então ditador, Trujillo.
Texto: Ana Moura
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias