A Roda de Conversa Virtual fez parte das atividades multidisciplinares organizadas nesta semana pelo Juizado, integrando as ações da campanha Justiça pela Paz em Casa.Uma “Roda de Conversa Virtual” encerou, na manhã desta sexta-feira (12), as atividades multidisciplinares organizadas pelo 1.º Juizado Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (“1.º Juizado Maria da Penha”) como parte da campanha Justiça pela Paz em Casa, que teve início na segunda-feira (08). O evento online aconteceu pela plataforma Google Meet e foi restrito à participação de mulheres já atendidas pelo Juizado.
O tema da “Roda de Conversa Virtual” foi a “Saúde da Mulher e o Autocuidado no Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar”. O objetivo deste tipo de atividade é proporcionar às mulheres um espaço de diálogo e reflexões quanto ao autocuidado e à autovalorização, estimulando o autoconhecimento, visando ao bem-estar físico e emocional, bem como à prevenção e ao enfrentamento de situações de violência.
A psicóloga Suzy Mary Azedo Guimarães, que integra a equipe do 1.º Juizado Maria da Penha, ressalta que ter qualidade de vida também depende da autoestima, mas que muitas vezes a rotina pesada e o acréscimo de violências físicas e/ou psicológicas acabam abalando o bem-estar da mulher. “Com o objetivo de resgatar a importância desse autocuidado promovemos essa atividade e convidamos as mulheres atendidas pelo Juizado. E o que se pode notar é que muitas delas carregam marcas psicológicas profundas das agressões sofridas. Nosso objetivo é justamente fazer com que elas adotem a autorreflexão, para que se compreendam melhor, entendam seus pensamentos e atitudes, gerando evolução na sua trajetória de vida. O autoconhecimento repercute na recuperação da autoestima; deixa a pessoa mais feliz consigo mesma para crescer na vida e se relacionar melhor com o mundo à sua volta. Uma autoestima baixa pode ser porta de entrada para vários tipos de violências, como a violência doméstica”, afirma Suzy Mary.
M.L.N. tem 48 anos e vivencia o fim de um casamento que precisou ser interrompido em virtude de situações de violência doméstica (principalmente de natureza psicológica e patrimonial) decorrentes do envolvimento do ex-companheiro com o uso de drogas. Ela foi uma das participantes da Roda de Conversa Virtual desta sexta-feira e considerou muito bom participar do evento online promovido pelo 1.º Juizado Maria da Penha. “Uma reunião coomo essa fortalece a gente, dá esperança e vontade de correr atrás de uma nova vida. Porque não é fácil, principalmente num momento como este de pandemia, em que nem sair de casa para espairecer a cabeça eu posso, inclusive porque sou do grupo de risco para a covid. A gente pôde trocar experiências, ouvir coisas importantes que ajudam até no campo espiritual”, afirmou ela. M.L.N. fez questão de agradecer o apoio que recebeu do Juizado nesse período. “Muitas vezes eu estava aqui sozinha, triste, até chorando, telefone tocava e era o pessoal do Juizado querendo saber como eu estava. Me senti amparada.”, afirmou.
Celi Cristina Nunes Cavalcante, assistente social do 1.º Juizado Maria da Penha, explica que as “Rodas de Conversa” fazem parte da rotina de atendimento da equipe multidisciplinar do Juizado, acontecendo presencialmente. O período da pandemia, com as unidades judiciárias e administrativas do Tribunal de Justiça do Amazonas ainda funcionando, prioritariamente, com atendimento remoto, a atividade foi colocada no formato virtual para adequação ao momento.
Campanha
Neste ano, em virtude da pandemia de covid-19, todas as atividades desta primeira 17.ª edição da campanha Justiça pela Paz em Casa – a primeira de três programadas para 2021 – foram realizadas de forma remota, respeitando as medidas preventivas contra a propagação da doença. Para o período de 8 a 12 de março, os três Juizados Maria da Penha da Comarca de Manaus agendaram 271 audiências – de Instrução e Julgamento, Retratação e de Acolhimento –, a serem realizadas por videoconferência.
O objetivo da ação, que acontece simultaneamente em todos os tribunais do País desde março de 2015, com três edições por ano (em março, agosto e novembro), é ampliar a efetividade da Lei “Maria da Penha” (Lei n.º 11.340/2006), concentrando esforços para agilizar o andamento de processos relacionados à violência de gênero e também reforçando atividades multidisciplinares de orientação e conscientização sobre o tema.
Terezinha Torres
Arte: 1º JECDFM
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