Acompanhamento psicossocial – Fundamental para população em rua

Acompanhamento psicossocial é crucial para a população em situação de rua, e essa necessidade foi destacada recentemente durante uma reunião da Comissão de direitos humanos da Câmara dos Deputados. O evento foi marcado pelo lançamento da publicação “Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas para a População em Situação de Rua”. Essa iniciativa busca oferecer um suporte técnico a psicólogos que atuam nesse contexto tão desafiador.

Rodrigo Acioli, representante do Conselho Federal de Psicologia, expôs que, segundo dados do censo da psicologia brasileiro de 2022, cerca de 20% dos psicólogos atuam diretamente com a população em situação de rua. Segundo Acioli, esse dado revela a importância do acompanhamento psicossocial que vai além do que as pessoas normalmente conhecem sobre a psicologia. Ele enfatizou que a psicologia faz parte de várias esferas, incluindo o Judiciário e a saúde, e também é essencial na interação com a população em situação de rua.

Cleyton Rosa, coordenador-geral de Políticas para os Direitos da População em Situação de Rua do Ministério dos direitos humanos e da Cidadania, reforçou que todas as políticas voltadas a essa população devem incluir acompanhamento psicossocial. Acioli mencionou que, para um sucesso real na integração dessas pessoas na sociedade, é necessário não apenas fornecer uma casa, mas também mobiliário e acompanhamento constante. “Sem isso, o fracasso é quase certo”, comentou.

Apesar dos desafios, Cleyton Rosa salientou alguns avanços, como o projeto “Ponto de Apoio na Rua”, que integrará psicólogos na equipe. Outra iniciativa relevante, chamada “Moradia Cidadã”, conta com um orçamento de R$ 22,16 milhões e tem como objetivo retirar pessoas em situação de rua das instituições de abrigo. Essas ações buscam garantir um acolhimento que respeite a dignidade e os direitos humanos da população em situação de rua.

O documento “Referências Técnicas”, que foi mencionado, é um marco importante, segundo Itamar Lima Junior, coordenador da Comissão de Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco. Ele destacou que a participação ativa da própria população em situação de rua no processo de elaboração deste documento é um passo significativo. A interação da comunidade é vital para que a atuação profissional seja eficaz e sensível às necessidades reais da população.

As palavras de Itamar também ecoam a relevância do diálogo. Para ele, as pessoas em situação de rua geralmente conhecem os caminhos para reconstruir suas vidas, mas precisam ser ouvidas e valorizadas. “Ouvir é o primeiro passo, mas garantir que essa voz seja ouvida é fundamental para a mudança”, explicou.

Nesse contexto, a deputada Joana Darc Bazílio, representante da população em situação de rua, fez uma crítica importante sobre a percepção pública que envolve os moradores de rua e o uso de substâncias psicoativas. Ela lembrou que as causas que levam à situação de rua são complexas e muitas vezes ligadas a vínculos familiares rompidos, dificultando um entendimento superficial sobre o tema.

Em uma lembrança marcante, o deputado Reimont (PT-RJ) fez referência à chacina de irmãos em situação de rua em São Paulo em 2004, um evento que catalisou a mobilização em torno dos direitos dessa população. Para Reimont, a data de 21 de agosto, que é comemorada como o Dia Nacional da Habitação Adequada, encapsula a luta contínua por direitos básicos que ainda não são garantidos para todos.

Portanto, o acompanhamento psicossocial deve ser visto como um pilar fundamental na política pública relacionada à população em situação de rua. Ele não apenas ajuda as pessoas a obter moradia, mas também busca restabelecer sua dignidade e reintegrá-las à sociedade. Este é o verdadeiro objetivo das políticas públicas que devem ser implementadas com visão humanizada e empatia.

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