Apostas esportivas – Proibição pode fortalecer o mercado ilegal

Apostas esportivas têm se tornado um tema central nas discussões sobre regulamentação e segurança. Apostas esportivas, quando bem regulamentadas, podem oferecer um ambiente seguro tanto para apostadores quanto para as operadoras. Contudo, o recente Projeto de Lei 2842/23 propõe a proibição de apostas em lances individuais durante os jogos, como faltas e escanteios, o que tem gerado controvérsia entre representantes do governo e do setor de apostas.

Os especialistas afirmam que a regulamentação precisa ser equilibrada. Se, por um lado, a intenção é reduzir fraudes e manipulação de resultados, por outro, a proibição PODE levar muitos apostadores a migrar para o mercado ilegal. Leticia Soeiro, do Ministério da Fazenda, comentou sobre a importância de uma análise cuidadosa: ‘Como reguladores, o que fazemos é reduzir o risco, exigindo que as empresas tenham políticas de prevenção contra manipulações’. Este ponto aponta para a necessidade de uma estratégia sólida para lidar com as apostas esportivas sem afetar sua popularidade.

Diversos estudos realizados em lugares como Bélgica e Reino Unido respaldam essa preocupação. Esses estudos demonstram que a proibição rígida em mercados regulamentados tende a afastar apostadores, fazendo com que muitos optem por ambientes ilegais. Gabriel Lima, da Liga Forte UNIÃO do futebol Brasileiro, enfatizou essa questão ao destacar a dependência financeira de clubes das apostas. A indústria das apostas se tornou um pilar econômico para muitos times, especialmente nas séries A e B.

Ainda no contexto das apostas esportivas, Rafael Marcondes, presidente da Associação de Bets e Fantasy Sport (aBFS), apresentou dados alarmantes. Ele afirmou que 90% das manipulações de resultados estão ligadas ao principal mercado de apostas, enquanto a parte secundária, que inclui escanteios e cartões, representa apenas 13%. Este dado é crucial, pois indica que as apostas em lances individuais não são a maior fonte de manipulação, desafiando a lógica da proibição.

Por outro lado, Tiago Barbosa, da Genius Sports, sugeriu que a maioria das apostas no Brasil já ocorre em plataformas ilegais, o que torna as restrições no mercado regulamentado ainda mais ineficazes. A realidade é que 70% a 80% das apostas feitas no país são conduzidas de forma irregular, o que levanta a questão: se existe um grande mercado oculto, qual será o real impacto de limitar a atividade nos ambientes legais?

A responsabilidade na publicidade e o vício em jogos também foram tópicos abordados na audiência. O deputado Caio Vianna questionou por que o número de atendimentos aos dependentes em apostas digitais é tão baixo. Marcelo Dias, do Departamento de saúde Mental, destacou que muitos dependentes não buscam ajuda por conta própria. Além disso, insistiu que o Ministério da saúde está buscando integrar as questões das apostas ao contexto mais amplo da saúde mental, e não apenas tratá-las como um problema isolado.

Assim, o desafio das apostas esportivas no Brasil se desdobra em várias frentes: da regulamentação à responsabilidade social. A proposta de proibição de apostas esportivas em lances individuais PODE parecer uma solução em tese, mas na prática, é preciso pensar nas consequências que essa decisão PODE gerar. É fundamental que todos os envolvidos no cenário das apostas caminhem juntos, buscando um entendimento que proteja os apostadores e, ao mesmo tempo, fortaleça a estrutura legal em vez de empurrá-los para as sombras do mercado ilegal.

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