CPMI é uma sigla que se refere à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, uma ferramenta do Congresso Nacional utilizada para investigar questões como fraudes e irregularidades. Recentemente, a CPMI do INSS trouxe à tona denúncias que envolvem o uso de aviões pela Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). O piloto Henrique Traugott Binder Galvão testemunhou que duas aeronaves utilizadas pela Conafer pertenciam a Vinícius Ramos da Cruz, que é cunhado do presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO-AL), investiga fraudes relacionadas a descontos indevidos em aposentadorias e pensões, e considerou as vendas das aeronaves como suspeitas. Atualmente, os aviões estão registrados em nome do secretário da Conafer, Silas da Costa Vaz. Esse cenário levanta questionamentos sobre a real destinação e os contratos firmados pela Conafer ao longo do tempo.
Em depoimento, Galvão revelou que realizou cerca de 100 horas de voo em uma das aeronaves a serviço da Conafer, apresentando o fato de que os custos com combustíveis e manutenção eram pagos por um coordenador de operações. Isto destaca a possível ligação entre a gestão da entidade e a manutenção das aeronaves. As investigações também indicam que a Conafer estaria entre as principais beneficiárias do esquema de descontos ilegais de 2019 a 2024.
O depoimento do piloto também revelou que ele ligou para Leandro Almeida, outro piloto que teve um histórico semelhante, confirmando ter pilotado as aeronaves da Conafer por cerca de seis meses em 2024. Almeida ressaltou que, ao todo, acumulou entre 90 e 100 horas de voo, com parte significativa dedicada ao transporte do presidente da entidade. Ele mencionou que os pagamentos pela Conafer eram feitos via transferência bancária, o que sugere um circuito financeiro bem estruturado por trás da operação das aeronaves.
Uma problemática levantada pelo relator é a renda de Silas da Costa Vaz, atual dono dos aviões. Ele argumentou que Vaz não apresenta rendimentos compatíveis com os custos de aquisição e manutenção dos aviões, que incluem um Beechcraft Baron 58 avaliado em cerca de R$ 1,8 milhão e um Cessna 172RG com valor de mercado em torno de R$ 550 mil.
A discrepância nos valores das transações também foi questionada durante a CPMI. O deputado Rogério Correia (PT-MG) apontou que o Beechcraft Baron 58 foi comprado por Silas Vaz por um valor significativamente mais alto do que o que Vinícius Ramos pagou originalmente. Além disso, o deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS) trouxe à tona o fato de que dinheiro público em forma de emendas parlamentares PODE estar ligado a este esquema, levantando ainda mais suspeitas sobre a operação que envolve a Conafer e seus aviões.
Durante as investigações, um aspecto importante a ser ponderado são as rotas mais acionadas pelos voos, que ligam cidades importantes como Governador Valadares (MG), Ribeirão Preto (SP), Brasília (DF) e outras. O acesso ao Aeroporto Botelho, que não possui controle de bagagem ou raio X, PODE ter facilitado operações irregulares. O deputado Duarte Jr. (PSB-MA) alertou sobre as possíveis implicações legais que o piloto PODE enfrentar, caso se prove a movimentação de itens ou valores irregulares.
Logo, a CPMI do INSS continua a se debruçar sobre as intricadas redes de interesses que cercam a Conafer, buscando desvendar a verdade por trás das operações de aviação e suas implicações em um cenário de corrupção e uso indevido de recursos públicos. A sequência dos depoimentos e as evidências coletadas deverão esclarecer as responsabilidades e os próximos passos dessa investigação.
Assuntos nesse artigo: #cpmis, #aviacoes, #confer, #viniciusramosc, #carlosrobertoferreiralopes, #alfredogaspar, #silasdacostavaz, #leandroalmeida, #fraudes, #descontosindefidos, #deputados, #comissao, #transparencia, #investigacao, #dinheiropublico, #emendaparlementar, #transportepessoal, #aeronaves, #discrepancias, #voos
