Doulas desempenham um papel crucial na humanização do parto e na luta contra a violência obstétrica. Durante um debate na Câmara dos Deputados, especialistas e parlamentares enfatizaram a importância dessas profissionais no Sistema Único de saúde (SUS). A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) destacou que as doulas acompanham mulheres desde a gravidez até os primeiros meses após o parto, proporcionando suporte emocional e informativo que é vital para a experiência da gestante.
Para a efetivação desse serviço, o Ministério da saúde já permite a inclusão de doulas nas equipes que assistem as gestantes, principalmente através da REDE Alyne, um programa do SUS que busca reduzir a mortalidade materna, com foco especial em mulheres negras. Este projeto é uma homenagem a Alyne da Silva Pimentel, que faleceu devido à negligência obstétrica, um triste reflexo da realidade que muitas mulheres enfrentam no Brasil.
A situação de violência obstétrica é alarmante. Mariane Marçal, representante da ONG Criola, apontou que as taxas de mortalidade materna afetam desproporcionalmente as mulheres negras, com mais de 65% das mulheres que morrem durante o parto pertencendo a esse grupo. No Rio de Janeiro, por exemplo, até julho deste ano, 24 mortes maternas foram registradas, sendo 19 de mulheres negras. Essa realidade exige uma reforma profunda no sistema de saúde, com a inclusão de doulas como uma prioridade fundamental.
Mariane defendeu que as doulas não só salvam vidas, mas também promovem a dignidade e um atendimento de saúde mais justo. Elas atuam como educadoras e defensoras dos direitos das gestantes, ajudando a garantir que informações essenciais sejam acessíveis, e ampliando o cuidado que vai além dos hospitais, abrangendo o lar e a comunidade.
O encorajamento para a contratação de doulas foi um ponto alto do debate. Morgana Eneile, representante da Federação Nacional de Doulas do Brasil, revelou que, apesar de 52% dos partos acompanhados por doulas ocorrerem em unidades do SUS, ainda há uma escassez dessas profissionais disponíveis no sistema público. Muitas atuam de forma voluntária ou em funções que não correspondem ao seu treinamento.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) ressaltou a importância de assegurar recursos orçamentários para a contratação de doulas. Ela defende que a assistência prestada por essas profissionais deve ser considerada parte integral de um sistema de saúde que respeite os direitos das mulheres. A violência obstétrica é resultado de uma lógica sexista e patriarcal que precisa ser desmantelada. Segundo Kokay, o papel das doulas é apoiar as mulheres a expressarem suas preocupações e inseguranças durante um dos momentos mais significativos de suas vidas.
Recentemente, o Ministério da saúde criou um grupo de trabalho focado na contratação de doulas. Erika Almeida, da Coordenação-Geral de educação em saúde, informou que o grupo já elaborou uma nota técnica para orientar as gestões municipais sobre como contratar essas profissionais e que estão trabalhando em um guia de diretrizes para a formação de doulas a serem integradas ao SUS.
As doulas, portanto, são essenciais para a transformação do cuidado materno no Brasil. Com apoio adequado e recursos, elas têm o potencial de mudar a experiência do parto para milhares de mulheres, promovendo não apenas saúde física, mas também uma experiencial emocional mais positiva durante o nascimento de uma nova vida.
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