Financiamento público e sustentabilidade: nova proposta

Financiamento público é o tema central de uma nova proposta que visa transformar a aplicação dos recursos dos fundos constitucionais. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 176/24, em análise na Câmara dos Deputados, busca reformular o uso dos recursos do FNE, FNO e BNDES, priorizando iniciativas voltadas à sustentabilidade socioambiental e climática. A proposta estabelece regras rigorosas para garantir que o financiamento público atenda aos princípios de sustentabilidade.

O financiamento público, segundo o deputado Nilto Tatto (PT-SP), autor do projeto, deve ser direcionado para atividades que não só respeitem o meio ambiente, mas que também promovam a equidade social. Assim, a norma proíbe a concessão de financiamento para atividades de alto risco socioambiental, como a geração elétrica a partir de combustíveis fósseis e a indústria petrolífera, que têm causado danos significativos ao nosso ecossistema.

Além disso, o financiamento público para agropecuária exige uma abordagem mais cuidadosa. Em particular, será restrito o apoio a atividades que dependem de novos desmatamentos. Essa mudança é fundamental para reverter a degradação ambiental e promover práticas que priorizem a sustentabilidade. Apenas em casos de utilidade pública, interesse social ou em pequenas propriedades rurais, poderá haver alguma flexibilização.

Outro ponto destacado no PLP 176/24 é a meta ambiciosa que envolve o BNDES e os bancos que administram os fundos constitucionais. Até 2030, essas instituições financeiras deverão destinar 60% de suas carteiras de financiamento para atividades sustentáveis, e a expectativa é que esse percentual alcance 100% até 2045. Este compromisso é parte de uma visão de longo prazo para a transformação do setor financeiro nacional, alinhando-o com os objetivos de desenvolvimento sustentável.

Nas diretrizes do PLP 176/24, estão previstas medidas adicionais para fortalecer a governança financeira moderna. O PLP requer que maquinários agrícolas adquiridos com financiamento público sejam registrados e possuam tecnologia de geolocalização em tempo real. Isso tornará mais fácil para os bancos monitorarem e gerenciarem o impacto socioambiental das atividades financiadas.

Os bancos também terão acesso aos relatórios de desmatamento disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que servirão de base para a concessão de crédito. Nos dez municípios mais desmatados do país, o financiamento público dependerá da autorização do presidente do banco, reforçando a responsabilidade e o controle sobre os recursos alocados.

Adicionalmente, uma iniciativa chamada “Serasa Verde” estabelecerá que empresas que não cumprirem as normas ambientais, fundiárias e sociais serão barradas de obter novos financiamentos públicos. Essa regra é crucial para garantir que o financiamento público não subsidie práticas prejudiciais ao meio ambiente.

Com a proposta de ter representantes da sociedade civil e comunidades tradicionais nos conselhos deliberativos dos bancos e fundos, o deputado Tatto enfatiza a necessidade de uma governança financeira que seja democrática e inclusiva. Essa participação é vital para assegurar que as decisões relacionadas ao financiamento público reflitam as necessidades e preocupações de todos os setores da sociedade.

Após ser analisado, o projeto passará por diversas comissões, incluindo aquelas focadas em agricultura, Meio Ambiente e Finanças. A aprovação do PLP 176/24 dependerá da colaboração entre diferentes esferas do governo, pois a proposta precisa ser apreciada pela Câmara e pelo Senado antes de se tornar lei.

Ao redirecionar o financiamento público para iniciativas sustentáveis, o Brasil PODE dar um passo importante rumo à diminuição das desigualdades sociais e à proteção do meio ambiente. O financiamento público deve ser um catalisador para o desenvolvimento sustentável, e esse projeto representa uma importante mudança de paradigma.

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