Prevenção de quedas – A Epidemia Invisível entre Idosos

A prevenção de quedas é um tema crucial, especialmente considerando que cerca de 32 milhões de idosos residem no Brasil, representando quase 16% da população. Segundo dados do Ministério da Saúde, um em cada três brasileiros acima de 65 anos sofre uma queda ao menos uma vez por ano, e 10% desses incidentes resultam em lesões graves. Com essa realidade alarmante, é fundamental que se discuta amplamente a prevenção de quedas entre idosos.

Recentemente, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados realizou uma reunião com especialistas para debater medidas efetivas para reduzir o número de quedas acidentais nesse grupo etário. Atualmente, está em tramitação o projeto de lei (PL 4376/24) que visa estabelecer a Política Nacional de Prevenção de Quedas entre Pessoas Idosas, iniciativa proposta pelo deputado Luiz Couto (PT-PB). Este projeto já recebeu a aprovação da Comissão da Pessoa Idosa e aguarda análise na Comissão de Saúde.

A proposta da política nacional de prevenção de quedas prevê uma série de ações, incluindo a adaptação de ambientes e residências, capacitação de cuidadores e profissionais de saúde, além de campanhas permanentes de conscientização. A implementação dessas medidas é essencial para assegurar que a prevenção de quedas esteja integrada à atenção primária de saúde.

Entretanto, a implementação dessa política enfrenta desafios significativos, como apontado por Monica Perracini, representante do Centro Internacional de Longevidade Brasil. Segundo ela, a coordenação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (Suas) é complicada, mas é crucial para que os idosos recebam o cuidado necessário em diversos ambientes de assistência social. “Trabalhar em conjunto nesses dois grandes sistemas é fundamental para podermos fazer a prevenção de quedas de forma eficiente”, disse.

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), promovida pelo Ministério da Saúde, visa ações que fomentem a autonomia e a independência dos idosos, através de cuidados tanto coletivos quanto individuais. Lígia Iasmine, coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, destaca que cerca de 80% dos idosos conseguem realizar atividades do dia a dia de forma independente, o que pode aumentar o risco de acidentes, se não forem adotadas medidas de segurança adequadas.

Especialmente em situações onde a prevenção de quedas é relevante, Isabela Trindade, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, ressalta que a prática de exercícios físicos, a adaptação dos ambientes, a educação em saúde e o apoio psicossocial são essenciais para minimizar o número de ocorrências. Ela enfatiza ainda a importância de identificar precocemente os idosos com maior risco de quedas, já que muitos deles não relatam os acidentes.

“Os profissionais de saúde precisam saber como realizar esse rastreio e fazer perguntas relevantes. A prevenção de quedas é uma política pública indispensável”, destacou. Ao mencionar o projeto de lei, Luiz Couto exemplificou casos de idosos que enfrentaram sérios acidentes devido à falta de estrutura adequada, como barras de apoio em locais de risco.

Ele afirmou que muitos incidentes poderiam ser evitados com simples medidas, como pisos antiderrapantes, iluminação adequada e a instalação de barras de apoio. A informação e a prevenção são pilares nessa luta contra a epidemia invisível das quedas entre idosos. “Cada queda tem o potencial de transformar vidas e, em muitos casos, levar à morte precoce”, concluiu Couto, enfatizando a urgência desse debate.

Em suma, a prevenção de quedas é uma responsabilidade coletiva e deve ser encarada com seriedade. As ações apontadas pelos especialistas são passos fundamentais para proteger a vida e a saúde dos idosos no Brasil.

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