redução de emissões de metano é uma necessidade urgente para a preservação do nosso clima. Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o representante da Global Methane Hub para a América Latina, Henrique Bezerra, enfatizou a importância dessa ação. Ele destacou que a redução das emissões de metano PODE prevenir um colapso completo do Acordo de Paris, ajudando a conter o aquecimento global.
O metano é responsável por aproximadamente um terço do aquecimento global, apresentando uma potência 86 vezes superior ao dióxido de carbono (CO₂). Enquanto o CO₂ permanece na atmosfera por séculos, o metano tem uma duração de 12 a 20 anos, o que significa que ações imediatas para reduzir suas emissões podem ter um impacto significativo nas próximas décadas.
A Global Methane Hub estima que cortar 45% das emissões de metano até 2030 poderia resultar em uma diminuição da temperatura global de até 0,3°C até 2040, o que é um cenário otimista e desejável. Bezerra identificou três setores principais responsáveis pelas emissões de metano: (1) agropecuária com 40%, (2) energia e combustíveis fósseis com 33% e (3) lixo e resíduos com 20%.
No setor agropecuário, a ênfase deve estar em melhorar a produção de carne sem reduzir o número de cabeças de gado. O foco deve ser em desenvolver tecnologias que reduzam a intensidade de metano por quilo de carne produzida. Isso PODE ser alcançado por meio de melhores práticas de nutrição animal e manejo de pastagens, que não requerem investimentos exorbitantes.
Henrique Bezerra também abordou a questão das emissões de metano provenientes do setor de combustíveis fósseis, onde ele acredita que pelo menos 75% das emissões podem ser eliminadas com tecnologias de baixo custo. Contudo, a falta de legislações obrigatórias representa um grande desafio. Segundo ele, a ausência de regras sistemáticas impede que as soluções sejam implementadas de maneira eficaz.
Adicionalmente, ele chamou atenção para o papel do terceiro setor na gestão de resíduos, destacando a necessidade de reconhecimento dos catadores e de políticas que combatam o desperdício de alimentos. Esses são componentes essenciais para uma abordagem abrangente à questão das emissões de metano.
O ex-senador chileno Juan Pablo Letelier, que também participou do debate, defendeu a criação de metas obrigatórias para a redução das emissões de metano, superando os principais setores poluidores, incluindo a agropecuária, a indústria de óleo e gás, e a gestão de lixo. Ele argumentou que cada país deve estabelecer metas claras de metano em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e que essas metas devem ser incorporadas nas legislações nacionais de mudança climática.
No contexto brasileiro, que tem o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, Letelier afirmou que é possível produzir carne sem aumentar as emissões de metano, utilizando técnicas modernas de pastagem e suplementos alimentares que são economicamente viáveis. Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), as emissões de metano no Brasil aumentaram 6% entre 2020 e 2023, o que é alarmante e evidencia a urgência dessa questão.
Com uma produção de 21,1 milhões de toneladas de metano em 2023, o Brasil precisa de estratégias eficazes para reduzir as emissões, especialmente porque 75,6% dessas emissões provêm da agropecuária. O monitoramento técnico e as melhores práticas são essenciais para garantir que o Brasil possa avançar na luta contra o aquecimento global.
Além disso, Bezerra reiterou a importância do Monitoramento, Relatório e Verificação (MRV) das emissões de metano na agricultura, destacando que políticas públicas eficazes são necessárias para garantir que os custos não recaiam sobre os agricultores.
Por fim, o moderador Mitch Reznick alertou que é imprescindível ação decisiva e imediata dos líderes políticos na redução das emissões de metano. Ele comparou essa urgência a um ‘freio de emergência’, cuja ativação agora poderá resultar em melhorias significativas nas condições climáticas dentro de uma década.
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