Em palestra, Ricardo Balestreri afirma que dinâmica do crime organizado vem de cima pra baixo

​Durante o segundo dia do Seminário de Segurança Inovadora, o professor Ricardo Brisolla Balestreri, renomado educador, consultor empresarial e governamental, ministrou a palestra “Urbanismo Social e Segurança Pública: Limites e Possibilidades”. O evento, promovido pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), contou com a presença de diversas autoridades e abordou temas como a renovação do uso do solo urbano como forma de promover a sensação de segurança e ordem pública.

Balestreri apresentou, como exemplo bem-sucedido de segurança inovadora, as experiências dos projetos “Territórios pela paz” e “Usina de Paz”, implantados por ele no Estado do Pará. O foco desses projetos é a ocupação do espaço urbano popular com serviços públicos e acesso da população às atividades de promoção de cidadania, educação, saúde e empregabilidade. São mais de 80 serviços gratuitos disponibilizados pelos órgãos e entidades parceiras do Estado, como espaços para atividades esportivas, salas de audiovisual e inclusão digital, atendimento médico e odontológico, consultoria jurídica, emissão de documentos, ações de segurança, capacitação técnica e profissionalizante, entre outros.

O deputado Comandante Dan (Podemos), presidente da Comissão de Segurança Pública e promotor do evento, destacou a importância do professor Balestreri como uma das grandes autoridades intelectuais da segurança pública no Brasil. Ele também ressaltou a esperança de ver projetos tão efetivos sendo realizados em Manaus e no interior do Amazonas.

Balestreri enfatizou que a ausência do Estado em bairros periféricos e populares é um dos principais fatores do crescimento do crime organizado. Segundo ele, o crime praticado nessas áreas é no varejo, e não no atacado, e os líderes das organizações criminosas não estão presentes na favela. Para o palestrante, a dinâmica do crime não vem de baixo para cima, mas sim de cima para baixo. Ele ressaltou que não é na favela que se resolve o crime organizado, mas isso não significa que não se deva combater o crime no varejo.

Balestreri também avaliou que matar bandido não resolve o problema, e essa visão é ingênua e mal articulada. Para ele, o que realmente resolve é desestruturar as organizações criminosas, pois não há crime organizado que sobreviva sem a corrupção de autoridades. Ele concluiu afirmando que cidades mais justas e equânimes, com espaços públicos bem cuidados e uma administração honesta, são a chave para a segurança e a ordem pública.  

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