Durante a Sessão Ordinária desta quarta-feira (9/10), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), os deputados estaduais abordaram a tragédia em Manacapuru (distante a 69 quilômetros de Manaus) e a precariedade das infraestruturas de transporte no Estado. Os temas abordados, segundo os parlamentares, são reflexos das consequências da estiagem severa, bem como da falta de investimentos contínuos em áreas críticas, como infraestrutura rodoviária e saúde pública.
A deputada Mayra Dias (Avante) abriu seu discurso com um apelo em solidariedade ao povo de Manacapuru, que recentemente enfrentou um deslizamento de terras no porto da cidade, resultando em feridos e desaparecidos. A deputada afirmou que a Comissão de Assistência Social da Casa, da qual é presidente, está à disposição para prestar auxílio à população afetada.
“O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já decretou situação de emergência nas infraestruturas aquaviárias do Amazonas”, informou a parlamentar.
Mayra destacou, ainda, a gravidade dos efeitos da estiagem, não apenas sobre o meio ambiente, mas também sobre as vidas humanas. Ela apontou que tragédias como a de Manacapuru têm suas raízes na degradação ambiental e na negligência em investimentos em infraestrutura.
Por sua vez, o deputado Wilker Barreto (Mobiliza) denunciou a falta de ações concretas por parte da Defesa Civil do Amazonas. Segundo o parlamentar, um plano de ação, que deveria ter sido apresentado ao Parlamento Estadual, até o momento não foi disponibilizado.
“Nosso povo sofre com sede e fome, diante de uma catástrofe anunciada com um ano de antecedência, e nada foi feito”, criticou, destacando a negligência das autoridades em relação à grave crise que se alastra pelo interior do Estado.
Wilker solicitou, em caráter de urgência, a convocação do secretário de Defesa Civil para que preste esclarecimentos à Aleam.
O parlamentar também fez um apelo para que a Assembleia convoque representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Amazonas Energia, em uma sessão para discutir o futuro da empresa e o impacto das suas dívidas sobre a população. “Quem vai arcar com os 14 bilhões de dívidas? É o povo, como sempre”, frisou.
Outro ponto crítico levantado na sessão foi a crise energética que atinge diversas regiões do Estado.
O deputado João Luiz (Republicanos) relatou a situação vivida pelo distrito de Realidade, que, sem energia por dias, fechou a rodovia BR-319 em forma de protesto. Segundo o parlamentar, o fornecimento de energia na capital e no interior está em completo abandono.
“Os comerciantes estão perdendo seus produtos perecíveis e a situação já está insustentável”, alertou, denunciando também a precariedade da rodovia, cuja reestruturação tem sido divulgada como uma prioridade, mas segundo ele, pouco se vê de fato acontecendo.
Em aparte, o deputado Comandante Dan (Podemos) reforçou a necessidade de se criar uma comissão mista para acompanhar as ações relacionadas à estiagem e aos problemas estruturais da BR-319.
“Estamos à beira de uma convulsão social”, afirmou, destacando que o impacto da crise logística já está afetando diretamente a distribuição de alimentos e o abastecimento das feiras de Manaus.
O deputado Rozenha (PMB) acrescentou que, caso as medidas emergenciais não sejam tomadas, o Estado corre o risco de ver alimentos perecíveis estragando, elevando ainda mais o custo de vida da população. “Estamos colocando em risco o custo de vida na cidade de Manaus”, alertou.
Centro de Diagnóstico e Estadiamento do Câncer
Em um segundo momento, o deputado Delegado Péricles (PL) abordou a questão da saúde pública, com destaque para o combate ao câncer.
O parlamentar apresentou um projeto de criação de um Centro de Diagnóstico e Estadiamento do Câncer em Manaus. De acordo com Péricles, a falta de serviços de diagnóstico precoce tem prejudicado o tratamento adequado de pacientes.
“Esse projeto demanda recursos e o envolvimento de todo o poder público”, ressaltou.
O deputado destacou o caráter inovador do projeto, que visa reduzir o tempo de diagnóstico do câncer e garantir um tratamento mais eficaz para a população.
“Estamos prestes a inaugurar o Centro de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero e esperamos que, em breve, possamos também inaugurar esse centro de diagnóstico”, completou.