O impacto das tarifas dos EUA nas exportações brasileiras é um assunto que desperta grande preocupação entre os setores envolvidos. Recentemente, foi realizado um debate na Comissão de Finanças e tributação sobre as consequências dessa decisão, imposta pelo governo do presidente Donald Trump. Os exportadores brasileiros foram afetados de maneira significativa, especialmente os da indústria de carnes e pescados.
A diretora de Relações Internacionais da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Lhais Sparvoli, relatou os prejuízos que seu setor está enfrentando devido à sobretaxação. O impacto das tarifas dos EUA se reflete diretamente na capacidade dos produtores brasileiros de exportarem carne, especialmente o corte dianteiro do gado, que é valorizado no mercado americano. Sem acesso a esse mercado, estimativas apontam que os produtores poderão deixar de embarcar até 200 mil toneladas desse corte.
Para lidar com o impacto das tarifas dos EUA, muitos empresários estão em busca de novos mercados. Contudo, rapidamente se percebe que nenhum outro país valoriza o corte dianteiro da mesma forma que os EUA. Essa realidade levanta questões sobre a viabilidade e a rentabilidade das alternativas que estão sendo exploradas pelos exportadores.
Além da indústria da carne, o setor de pescados também está sentindo os efeitos das altas tarifas impostas pelos EUA. Liliam Catunda, diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), destacou que 70% das exportações de pescado do Brasil eram destinadas ao mercado americano. A decisão de Trump levou ao cancelamento de contratos e devoluções de contêineres, o que é um indicativo claro do impacto profundo que essa situação está causando no setor pesqueiro.
O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Antonio Matos, expressou sua preocupação em relação às novas parcerias comerciais que devem ser criadas por conta do impacto das tarifas dos EUA. Com mais de um século de relações comerciais consolidadas com empresas norte-americanas, a tarefa de estabelecer novos laços comerciais não será imediata e requer tempo e esforço.
Como uma resposta ao impacto das tarifas dos EUA, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e agricultura familiar, por meio da secretária-executiva Fernanda Machiaveli, revelou medidas para mitigar o prejuízo. A MP 1309/25 prevê a compra governamental de produtos alimentícios que não forem exportados, como frutas e mel, garantindo que o desperdício seja minimizado em tempos de crise.
Durante a audiência pública, deputados ressaltaram a importância de diversificar a pauta de exportações brasileiras como uma resposta ao impacto das tarifas dos EUA. O deputado Merlong Solano (PT-PI) destacou que uma crise também PODE gerar oportunidades, afirmando que o Brasil possui muitos trunfos e possibilidades a serem exploradas.
Entretanto, críticas à atuação do governo atual não faltaram. O deputado Luiz Carlos Hauly (PODE-PR) apontou que o presidente Lula teve um papel nas tensões que culminaram nas tarifas, atribuindo parte da culpa às suas declarações durante a campanha de Trump, que teria ofendido o atual presidente dos EUA.
O impacto das tarifas dos EUA nas exportações brasileiras é, portanto, um tema complexa que exige atenção constante e estratégias adaptativas para minimizar os efeitos negativos. Com as receitas de setores fundamentais da economia em jogo, a busca por novos mercados e a diversificação de produtos exportados se mostram mais essenciais do que nunca. É provável que o cenário continue a evoluir conforme novos desdobramentos políticos e econômicos ocorram, e a capacidade de adaptação dos setores será fundamental.