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ALEAM – “Falta de monitores e profissionais despreparados”, mães denunciam o sofrimento de crianças autistas nas escolas do Estado

Redação O Judiciário

Um grupo de mães com filhos diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados na rede estadual pública de ensino procurou o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), nesta segunda-feira, 17, para alertar sobre a ausência, como também a falta de monitores capacitados nas escolas. Segundo os relatos, episódios como bullying e até acidentes ocorreram dentro do ambiente de ensino devido o despreparo dos profissionais de monitoria.
Durante a conversa, realizada em dois momentos, no gabinete do parlamentar e no Auditório Beth Azize da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), um dos depoimentos foi de Thássia Menezes, mãe do pequeno Vicente, 8. Ela contou que o filho, diagnosticado com nível 2 de autismo (moderado), sofreu um acidente na E. E. Nossa Senhora da Divina Providencia (Betânia), na semana passada, e está com suspeita de descolamento de retina. Foi relatado pela unidade de ensino que o garoto teve uma queda na escola e machucou o olho esquerdo, após sua mediadora não acompanhá-lo na ida ao banheiro.
“Meu filho tem oito anos, é nível 2 de suporte, fala muito pouco e ela simplesmente deixa meu filho passear pelos corredores, porque na visão dela, o papel é só dentro da sala de aula e nisso aconteceu o acidente. Sou técnica de enfermagem e quando eu vi, na hora percebi que não era apenas um machucadinho, o meu filho está com descolamento de retina, o olho dele está cheio de sangue. E agora, como fica a situação do meu filho?”, relatou Thássia, bastante emocionada.
Em tom de revolta, Thássia conta ainda que não recebeu apoio por parte da escola e que está custeando exames por conta própria. Diante da situação, ela cobrou a presença de profissionais capacitados para lidar com os alunos autistas.
“Eu não estou tendo nenhum apoio da escola, estou tirando do meu próprio bolso. Só essa semana já gastamos mais de R$ 900, tendo que pagar consultas e medicação, e já me foi adiantado que o problema só se resolve cirurgicamente e nem é certeza que meu filho vai ficar com a visão perfeita. Fica aqui minha indignação contra a Seduc, à escola e a essa mediadora. Precisamos de mediadores que tenham capacitação, que saibam lidar com crianças e os níveis de autismo 1, 2 e 3, porque senão os nossos filhos vão está correndo risco”, ponderou a mãe.

Bullying
Outro relato impactante foi da mãe Valéria Azevedo. Ela afirma que seu filho, Guilherme, de 11 anos, foi vítima de bullying, que é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, na escola E. E de Tempo Integral Bilíngue Professor Djalma da Cunha Batista, localizada no bairro Japiim, na zona sul de Manaus.  A desconfiança de que algo não ocorria bem na unidade de ensino foi quando Guilherme começou a não querer ingerir as refeições.
“O Guilherme começou a chegar muito machucado em casa, nas pernas, nos braços, peitos e costas e um dos monitores mandou mensagem dizendo que o meu filho não estava comendo. Eu falei que estava acontecendo alguma coisa, pois o meu filho só não come quando está muito doente ou quando a garganta dele inflama. Comecei a questionar os machucados e aí ninguém sabia responder. Eles falam que a todo momento fica um monitor ao lado dele, mas isso não acontece. Fui até a escola, fiz todas reclamações, e foi me confirmado que ele estava sofrendo bullyng, não nessas palavras, e que estavam batendo nele. Cobrei que o diretor falasse com os pais das outras crianças. Encontrei meu filho aos prantos, sozinho, e gritando que não queria mais ficar na escola”, disse.

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Falta de monitor
Dona Rosineide Rabelo Nobre, avó da Raphaela Moura, 11, que estuda na Escola Estadual Profª. Lenina Ferraro, frisou a importância de um monitor para auxiliar na mediação dos conhecimentos passados pelos professores. Até o momento, a menina não recebe acompanhamento.  “Solicitei à Seduc um monitor para a Raphaela. Após um mês do pedido, a Secretaria negou e disse que só poderia ser para aquela criança que usasse fralda descartável, que não soubesse comer. Entrei no MP, Defensoria, mas ainda estou correndo atrás deste direito”, comentou.
Durante a reunião, o deputado disse que vai solicitar reunião com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc), e vai cobrar para que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) possa ser respeitada. “Tratamos aqui o não cumprimento da LBI, que garante à criança diagnosticada com o autismo ter o sue monitor, tanto no estado quanto no município. Então, vamos trazer esta problemática para a Assembleia, marcar de perto o orçamento deste ano para que não se deixe de atender, aquilo que infelizmente não foi atendimento na LDO antes, pois essas mães e crianças não estão pedindo favor, é um direito”, afirmou o parlamentar.

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