Arte em luto: o adeus à Ednelza Sahdo

O Judiciário
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A arte do Amazonas amanheceu em luto nesta quinta-feira (01/12). Faleceu a atriz, cantora e diretora Ednelza Sahdo, aos 78 anos, vítima de uma pneumonia. O velório da artista será às 7h, na Funerária São Francisco, no bairro de Cachoeirinha, zona Sul de Manaus.

Ednelza Sahdo tinha mais de 50 anos de carreira e era considerada a Grande Dama do Teatro Amazonense. Começou cantando na Rádio Difusora de Manaus aos cinco anos de idade e não mais parou no mundo artístico. Atuou e dirigiu vários espetáculos como “Jurupari, a guerra dos sexos”, “O Grito Da Morte” e o musical “Amor de Pano”. A atriz também fez parte do elenco dos filmes “A Festa da Menina Morta”(2008), do diretor Matheus Nachtergaele, e “Criminosos” (2008).

Eterna porta-bandeira da Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida, Ednelza foi enredo da Escola de Samba A Grande Família no Carnaval de 2014. Este ano, ela foi a grande homenageada no maior evento teatral da região, o Festival de Teatro da Amazônia.

Em entrevista ao colunista Fernando Coelho, para o site conteudoam.com.br, Ednelza Sahdo declarou o seu amor ao teatro: “O teatro foi muito importante para minha vida, eu não via outro caminho ou opção, ele é a minha vida, meu filho, meu neto, meu sonho é meu tudo. Deus me deu o dom de fazer teatro e viver várias vidas, para fazer a plateia rir, chorar e sentir”, resumiu.

SAUDADES

Carnavalesco da Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida, o jornalista Saulo Borges, lembra com carinho do primeiro contato que teve com a artista. “Lembro que uma vez segui a Ednelza no Centro. A vi na avenida Getúlio Vargas. Fui lhe seguindo, sem que percebesse. Ela cruzou a praça Heliodoro Balbi e pegou a rua José Paranaguá. Próximo ao cruzamento com a Joaquim Nabuco, havia uma loja de tintas de artesanato, onde ela entrou. Fiquei todo esse percurso criando coragem pra aborda-la. Aí, a chamei quando ela deixou a loja. Perguntei dela sobre a Aparecida, se já tinha enredo, e ela disse que a escola tinha, ‘Com a Cara e a Coragem, viajando num Gaiola’. Era o enredo de 1995. Aquele ano era então 1994. Até ali, a Aparecida era um sonho meu e falar com ela era a realização de outro sonho. Nunca imaginei que logo em frente eu chegaria à Aparecida e seriamos grandes amigos”, recorda.

A parceria de Saulo Borges e Ednelza Sahdo na Mocidade de Aparecida durou 10 anos. “Entrei em 97 e estivemos juntos no desfiles de 1998 a 2006, que foi o último ano dela como Porta-Bandeira. Em 2007, ela passou o Pavilhão pra neta, Naruna, que desfilou com o tio, Marcos Sahdo, filho de Ednelza. Como profissional da arte, ela era muito exigente. Falante, sempre inteligente, forte, sincera, franca, dizia o que pensava e o que queria, sorridente era crítica. Entendia muito de tudo, era multifacetada”, lembra Saulo Borges.

Bastante emocionado com a perda da companheira de avenida do samba, o presidente da Mocidade Independente de Aparecida, Luiz Pacheco, declarou: “Nossa eterna Porta-Bandeira, Ednelza Sahdo, foi e sempre será nossa referência nas artes e ícone do Carnaval de Manaus. Ednelza esteve conosco desde a fundação da Escola de Samba, em 1980”.

O secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, Marcos Apolo, destacou sua amizade com a artista amazonense. “Eu e Ednelza tínhamos uma relação que ia além da amizade. Era algo que parecia ser de outras vidas. Um amor difícil de descrever. Muito carinho, respeito e admiração. Nossos encontros eram sempre muito divertidos. Vou guardar no coração aquele sorriso largo e o abraço apertado”.

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