A Divisão de Serviço Social e Acessibilidade e a Comissão de Sustentabilidade do Tribunal de Justiça do Amazonas inauguraram na manhã desta quarta-feira (30/11), as instalações do “Espaço da Leitura Desembargador Paulo Herban Maciel Jacob”, no hall do Fórum Henoch Reis, que funciona na Av. Umberto Calderaro, s/n.º, Aleixo.
O evento contou com a participação do presidente do TJAM, desembargador Flávio Pascarelli, que salientou a importante contribuição do desembargador Paulo Jacob para a literatura, onde entre inúmeros trabalhos jurídicos, sentenças e acórdãos, teve 14 romances publicados, incluindo um dicionário da língua popular da Amazônia.
“Estou muito emocionado de estar aqui hoje, pois o Paulo Jacob era presidente do TJAM quando eu fiz o concurso para juiz de Direito, e de 12 vagas para juízes, entre 500 candidatos, estive entre os 6 que passaram, e ele fez parte deste momento tão importante na minha história. Mas, mais do que juiz e magistrado, ele foi um reinventor de palavras, o nosso mais prestigiado e maior romancista de ficção, sendo reconhecido não só no Estado, mas no Brasil e teve obras traduzidas para o mundo todo, então fico muito feliz de inaugurar este espaço que incentiva a leitura, não só com obras de Paulo Jacob, mas também de juristas. Eu espero que o nome dele destacado na entrada do Fórum sirva para que continue sendo lembrado, sempre””, afirmou Pascarelli.
A criação do “Espaço de Leitura” integra as ações de sustentabilidade e inclusão do TJAM. O acervo disponível no local é fruto de doações, como ressaltou a diretora da Divisão de Serviço Social e Acessibilidade do TJAM, Monike Antony Novaes.
“A criação deste espaço já se mostra acertada pela escolha da personalidade que lhe confere o nome, o saudoso des. Paulo Jacob, escreveu seu nome nos meios jurídicos e literários, de modo que a homenagem prestada por este Tribunal de Justiça é justa e merecida. Tenho certeza que o espaço será um ambiente agradável e acolhedor, assim como um local propício à humanização do atendimento prestado pelo TJAM” disse Monike.
Emocionada, a viúva do homenageado, Marilda Loureiro Jacob, esteve presente durante a abertura do “Espaço de Leitura” e ressaltou a dedicação do magistrado ao Direito e aos livros: “Meu sentimento é de muita gratidão. Ter um espaço como este, que leva o nome dele, é sem dúvida um momento de muita alegria para a nossa família. Uma homenagem justa ao Paulo, que tanto dedicou seu tempo à magistratura e, claro, à literatura”.
Histórico
Descendente de judeus sefarditas transferidos para a Amazônia (BENCHIMOL, 1999, p. 78), Paulo Herban Maciel Jacob (1923-2003), ou Paulo Jacob, como ficou conhecido, nasceu em Manaus (AM). Formado em Direito (antiga Faculdade de Direito do Amazonas, hoje UFAM), exerceu a carreira de magistrado em várias cidades do interior do Estado. Nomeado juiz municipal no Termo de Itapiranga (AM), no baixo Amazonas, começou a percorrer a Amazônia em 1951. Nos idos de 1952, prestou concurso e tornou-se juiz de Direito da Comarca de Canutama (AM). No ano seguinte, foi removido para a Comarca de Manacapuru (AM), lugar onde trabalhou até 1961, ano em que foi promovido a juiz de Direito da capital. Três anos depois, em 1964, é alçado ao cargo de desembargador, e em 1967, ao de corregedor-geral de Justiça. Em 1968 foi vice-pesidente do TJAM), assumindo a presidência no biênio de 1982 e 1983. Durante esse período, Paulo Jacob chegou a assumir o Governo do Estado do Amazonas (JACOB, 1987, p. 7).
Como professor, lecionou disciplinas do Direito na Universidade do Amazonas (à época sob a sigla de UA, passando, posteriormente, a UFAM) durante dez anos. Foi membro do Instituto Geográfico e Histórico do Estado do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras Jurídicas do Amazonas e, de 1971 a 2003, tornou-se um imortal como membro da Academia Amazonense de Letras (MENDONÇA, 2012).
Jacob também ficou conhecido por suas obras de romances de ficção, assegurando o leu lugar na literatura de expressão amazonense e transpor as barreiras do regionalismo, ganhando visibilidade a nível nacional. Por duas vezes chegou perto de ganhar o prêmio literário Walmap: uma com “Chuva branca” (1968), o seu mais famoso livro, e outra com “Dos ditos passados nos acercados do Cassianã” (1969).
Jéssica Rebelllo
Com informações complementares do http://oguari.blogspot.com/p/paulo-jacob-uma-fortuna-critica.html
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