16/10/2025 – 18:20
Michel de Jesus / Câmara dos Deputados
Comissão de saúde reuniu especialistas sobre o tema
A Comissão de saúde da Câmara dos Deputados discutiu nesta quinta-feira (16) a criação da Política Nacional de Atenção Integral da Mulher na Menopausa, proposta que busca ampliar o cuidado com mulheres em fase do climatério e da menopausa no sistema público de saúde.
O debate foi solicitado pelo deputado Romero Rodrigues (PODE-PB), que defendeu a necessidade de o tema ser tratado como questão de saúde pública. Segundo ele, a falta de políticas estruturadas causa impacto direto na qualidade de vida e na produtividade das mulheres brasileiras.
“A menopausa ainda é tratada com silêncio e preconceito. Precisamos de uma política que garanta acolhimento, diagnóstico e tratamento adequado em todas as regiões do País”, afirmou o parlamentar.
Segundo Romero Rodrigues, as contribuições apresentadas durante a audiência pública serão encaminhadas ao Ministério da saúde e à Frente Parlamentar Mista em Defesa da saúde da Mulher.
A intenção é consolidar uma proposta de programa nacional permanente, que envolva atenção primária, campanhas de conscientização e formação de equipes multidisciplinares.
Michel de Jesus / Câmara dos Deputados
Romero Rodrigues quer consolidar uma proposta de programa nacional permanente
Diretrizes e desafios
Representantes do Ministério da saúde, do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de entidades médicas destacaram que a nova política deve integrar ações de prevenção, diagnóstico precoce e assistência multidisciplinar.
A diretora do Departamento de Atenção à saúde da Mulher do Ministério da saúde, Mariana Seabra, informou que a pasta estuda protocolos específicos para o atendimento de mulheres na menopausa na REDE pública.
“Queremos garantir atenção integral, com foco em saúde física, mental e sexual, e reduzir desigualdades regionais no acesso ao tratamento”, explicou.
Ela ressaltou que a menopausa não é um evento isolado, mas sim uma fase que PODE durar décadas, demandando um cuidado continuado e humanizado. Segundo ela, o Ministério da saúde vê o tema como uma pauta prioritária e trabalha para garantir que os serviços de saúde estejam próximos dessas mulheres.
Entre as ações já em andamento, a diretora citou:
- Unidades Básicas de saúde (UBS) são o foco principal para garantir acolhimento humanizado e detecção precoce de sintomas;
- criação de um curso EAD de 40 horas sobre menopausa, em parceria com a FIOCRUZ, para aprofundar o conhecimento dos profissionais da Atenção Primária à saúde (APS);
- previsão de atualização do Manual de Atenção ao Climatério e Menopausa no SUS;
- a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) está disponível no SUS através da Relação Nacional de Medicamentos (Rename);
- são ofertados medicamentos como o estrogênio conjugado (via oral e tópico vaginal), estriol tópico vaginal e medroxiprogesterona. A indicação deve ser feita mediante consulta e individualizado para cada mulher;
- inclusão de procedimentos e consultas específicas para diagnóstico e tratamento da menopausa na portaria das Ofertas de Cuidado Integrado (OCIs), dentro do programa “Agora tem Especialistas”;
- garantia de equipes multiprofissionais (psicólogos, nutricionistas, etc.) para um cuidado abrangente;
- oferecimento de terapias alternativas, como auriculoterapia, fitoterapia e yoga na APS para manejo dos sintomas.
O conselheiro do CFM Raphael Câmara defendeu que a política contemple capacitação de profissionais e ampliação da oferta de terapias hormonais seguras, respeitando critérios científicos.
Experiências e propostas
Especialistas convidados — entre eles as médicas Adriana Ferreira, Juliana Risso e Lizandra Sasaki — relataram experiências clínicas e reforçaram a importância de combater a desinformação sobre sintomas e tratamentos.
A representante do Instituto Menopausa Feliz, Adriana Ferreira, sugeriu que o SUS ofereça grupos de apoio e programas de educação em saúde voltados ao autocuidado.
“A menopausa não é doença, mas uma fase que precisa de acolhimento e informação”, disse.
A vereadora Fabiana Gomes (Campina Grande-PB) defendeu que os municípios tenham papel ativo na implementação das políticas de cuidado, por meio de parcerias com o governo federal e com universidades.
Da Redação – GM