Em ação que contou com a presença do juiz Luís Cláudio Chaves, da Vems, os adolescentes entregaram à Semulsp 35 mudas de flamboyants que foram cultivadas na oficina de horticultura do centro socioeducativo e serão replantadas em espaços públicos.
Adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas de internação no Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa estão contribuindo para a arborização e o paisagismo de Manaus. Na última quinta-feira (15/07), em ato que contou com a presença do juiz Luís Cláudio Chaves, titular da Vara de Execução de Medidas Socioeducativas (Vems), os adolescentes repassaram para as mãos do secretário municipal de Limpeza Pública (Semulsp), Sabá Reis, 35 mudas de flamboyants para povoar o passeio público do Boulevard Álvaro Maia e outras localidades.
O plantio é oriundo da oficina de horticultura existente no CSE Dagmar Feitosa, instituição localizada no bairro Alvorada, zona Centro-Oeste, e que atualmente conta com 39 internos. Após o recebimento, o material foi encaminhado ao Viveiro da Semulsp e, em breve, as mudas serão implantadas em logradouros públicos da cidade.
As primeiras mudas de flamboyant foram introduzidas em Manaus na região do Boulevard Álvaro Maia em 1960, lembrou o juiz Luís Cláudio Chaves, que participou do evento com a defensora pública Juliana Linhares de Aguiar Lopes, da Defensoria Pública Especializada na Execução de Medidas Socioeducativas; com o secretário-executivo de Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado (Sejusc), Émerson Lima, e com o diretor do CSE Dagmar Feitosa, Antônio Juracy.
Para o juiz Luís Cláudio Chaves, a ação integra um programa de ressignificação desses adolescentes, para que eles se sintam úteis à sociedade. “A ação favorece esses adolescentes, num processo de redirecionamento desses, buscando elevar a sua autoestima, uma vez que o trabalho é um dos fundamentos para a ressocialização dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio fechado”, explica Luís Cláudio.
O magistrado frisa que a ação colabora para o paisagismo e para a comunidade em geral, pois o Boulevard é o principal corredor da zona Centro-Sul da cidade e vários flamboyants já caíram, havendo necessidade de replantio. “O mérito é da Sejusc, dos adolescentes e da Prefeitura de Manaus, que se uniram em prol de um bem comum”, afirmou o juiz, sugerindo que a colaboração dos adolescentes possa ser mais constante para ajudar na arborização e no paisagismo da cidade.
Ele comentou como foi participar desse evento na semana em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 31 anos. “A parte infracional do ECA é muito incompreendida pela sociedade, e acho que participar de uma pauta positiva dessa é ótimo, pois uma imagem vale do que mil palavras. As pessoas vendo os adolescentes colaborando com a sociedade ajuda a entender o que é o processo socioeducativo que visa prioritariamente a redirecionar e ressocializar as pessoas”, conta ele.
Importância
A defensora pública, Juliana Linhares de Aguiar Lopes, responsável pela Defensoria Pública Especializada na Execução de Medidas Socioeducativas, que assiste os adolescentes, esteve presente na ação e também comentou sobre a importância do ato para a ressocialização.
“Esse evento foi muito importante, porque mostrou para os adolescentes a importância do trabalho deles na unidade de internação, da horticultura e de todos os trabalhos que eles fazem de ressocialização. E, também, para a sociedade, que vê que esses jovens estão naquele local, mas produzindo, trabalhando, fazendo algo que traz também um retorno para toda a sociedade, para todos nós”, destacou Juliana.
A defensora citou a conhecida frase do filósofo e poeta cubano José Martí, ao evidenciar o significado da ação dos adolescentes. “O poeta cubano José Martí fala que é necessário plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro, então, plantar uma árvore eles já fizeram. Será muito interessante daqui a vários anos quando eles passarem pelo Boulevard olharem para os flamboyants e saberem que aquilo foi parte do trabalho deles e daquele momento de vida. Foi uma ação muito frutífera e eu espero que essa seja a primeira de várias e que nos possamos fazer com que Manaus tenha vários flamboyants das nossas unidades de internação e várias outras plantas também”, disse ela.
Abrindo portas
O secretário-executivo de Direitos da Criança e do Adolescente da Sejusc, Émerson Maia, explicou que o ato dos adolescentes é “uma ação de extrema importância e significado para os menores que estão cumprindo medidas socioeducativas pois eles se sentem valorizados, e é uma maneira de integrá-los à sociedade, uma vez que ficam reclusos. Assim, eles se sentem úteis e é importante mostrar que as medidas estão sendo aplicadas com o maior objetivo, que é a ressocialização deles”.
Para Emerson Lima, “se não forem viabilizadas situações como essa da doação de mudas para a Prefeitura – onde eles plantaram, semearam e entregaram direitinho -, estaremos fechando portas para que voltem à sociedade de forma ressocializada e realmente transformados”.
Município
Os flamboyants vão ajudar a fazer de Manaus uma cidade mais arborizada, com mais verde, destacou o secretário Sabá Reis. “Essa parceria é fundamental para firmarmos forças pela cidade. Essas mudas irão embelezar a cidade ainda mais e, além do valor estético, terão o valor sentimental, pois foram produzidas por meio de um trabalho de resgate socioeducativo. Parcerias como essa são necessárias para a cidade avançar”, disse o titular da Semulsp, que coordena a limpeza pública e é o órgão responsável pelo paisagismo de Manaus.
Paulo André Nunes
Fotos: Semulsp
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Adolescentes do Centro Socioeducativo Dagmar Feitosa estão contribuindo para a arborização e o paisagismo de Manaus
