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Portal TRT11 – 93% das PCDs trabalhando no Brasil estão em empresas obrigadas a lei de cotas, afirma auditor fiscal do Trabalho em evento sobre acessibilidade

Redação O Judiciário

Segundo dia do VII Seminário Roraimense também contou com premiação para mulheres que se destacam na Justiça do Trabalho em Boa Vista (RR)

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935A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a lei de cotas, e as ferramentas de fiscalização foram os temas do segundo dia (28/11) do VII Seminário Roraimense realizado pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (Ejud11). O evento aconteceu no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Boa Vista.

O primeiro painel tratou sobre a atuação do sistema de proteção ao trabalho na inclusão de PCDs no mercado de trabalho. Participaram da discussão o auditor fiscal do Trabalho, Rafael Faria Giguer; a diretora da Ejud11, desembargadora Ruth Barbosa Sampaio; e, como mediador, o vice-diretor da Ejud11, juiz do Trabalho Igo Zany Nunes Corrêa.

Rafael Giguer é coordenador Nacional de Inclusão de Pessoas com Deficiência e Reabilitados pela Previdência do Ministério do Trabalho e Emprego. Ele falou sobre o sistema de proteção, a importância da lei de cotas e a importância da fiscalização do cumprimento desta lei. “O direito ao trabalho é muito mais que só o direito ao trabalho. Trata da dignidade da pessoa humana, de participar em igualdade de condições de uma sociedade que é tão pautada no trabalho” afirmou.

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A importância da fiscalização

“Hoje em torno de 92% das PCDs trabalhando no Brasil estão em empresas obrigadas a lei de cotas. Isso prova que se não há uma lei de cotas, não há emprego para as pessoas com deficiência. Se não houvesse a lei de cotas, 550 mil PCDs que trabalham no Brasil estariam em casa, em condições de inferioridade em relação às outras pessoas”, destacou o auditor fiscal do Trabalho. Ele citou um estudo do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, que demonstrou, no período de 2011 a 2021, um crescimento de 3% do mercado de trabalho, e de 65% para as pessoas com deficiência. “Este estudo mostra um efeito muito claro da fiscalização e do cumprimento da lei de cotas. Quando a gente entende que as PCDs só trabalham porque existe uma lei de cotas e uma fiscalização efetiva, vemos o quão delicada é a proteção da fiscalização e da lei de cotas”, disse o auditor.

O auditor fiscal do Trabalho, que é pessoa com deficiência visual, também falou sobre as dificuldades e o preconceito enfrentados quando tentou emprego antes de passar no concurso do Ministério do Trabalho e Emprego. “Hoje em dia, as empresas que eu fiscalizo e que dizem que não encontram pessoas com deficiência, são as mesmas que me diziam que eu não tinha o perfil para a vaga quando tentei ingressar no mercado de trabalho como engenheiro, que é a minha formação”.

927Magistrados da Ejud11, Igo Zany e Ruth Sampaio, com o auditor fiscal Rafael Giguer, que palestrou no evento.

928A procuradora do MPT17, Fernanda Barreto Naves; Ney Rocha, titular da 1a VT de Boa Vista; e a advogada especialisa em Direito Público, Lorrayne Santiago.

Cumprimento de cotas

“As pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho’ foi tema do segundo painel do seminário com mediação do Juiz do Trabalho da 1ª Vara do Trabalho de Boa Vista, Gleydson Ney Silva da Rocha. A debatedora, a procuradora do Trabalho da 17ª região, Fernanda Barreto Naves, explicou que o Ministério Público do Trabalho (MPT) atua com dois vieses, sendo um de investigação e repressão em caso de denúncias de descumprimento da inclusão de PCDs e outro, de viés orientador com campanhas de orientação.

A procuradora destacou que apesar de todos os esforços, tem havido queda na acessibilidade de pessoas com deficiência e enquanto cresce o descumprimento das cotas nas empresas. Em 2010 o acesso era de 60,3%. Caiu para 50,4% em 2020 e para 43,5%, em 2021. “É necessária uma mudança de cultura para eliminar o preconceito, fortalecer a solidariedade social, tolerância e respeito às diferenças, em cumprimento ao que estabelece a Constituição”, enfatizou.

A advogada, especialista em Direito Público, Lorrayne Santiago, apresentou também dados preocupantes sobre remuneração das pessoas com deficiência. Em média, elas recebem R$ 1,4 mil enquanto as pessoas sem deficiência, ocupando os mesmos cargos e com as mesmas funções, têm remuneração de R$ 2,2 mil, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O último painel foi sobre o “Cumprimento de Cotas e Mercado de Trabalho em Roraima: Fiscalização e Efetividade Legal”. Quem falou sobre o tema foi a auditora fiscal do Trabalho, Thais Silva de Castilho. Ela retratou o cumprimento de cotas em Roraima, enfatizando questões locais como a inclusão de vagas nas cotas para pessoas com deficiência migrantes.

A auditora lembrou que as cotas são definidas pela Lei nº 8.213/91, Artigo 93. Ela define o percentual de cotas para empresas com mais de 100 empregados , podendo variar entre 2% e 5% do total de empregados. Além disso, estabelece que a pessoa com deficiência só pode ser dispensada sem justa causa no prazo superior a 90 dias, mediante contratação de substituto em condições semelhantes.

929Thais Silva, auditora fiscal do Trabalho em Roraima, falou sobre o cumprimento de cotas no Estado.

930Magistrados e autoridades que prestigiaram os dois dias do Seminário Roraimense.

Confira as fotos do evento.

Premiação de Mulheres

931As desembargadoras Ruth Sampaio e Solange Maria posam com as seis mulheres premiadas em Boa Vista (RR).Encerrando a programação do Seminário, foi realizada a premiação do concurso “Mulheres Formadoras e Informadoras da Justiça do Trabalho da 11ª Região – edição 2023”. A iniciativa, que está na quinta edição, tem o objetivo de incentivar e reconhecer a participação institucional feminina, bem como divulgar as boas práticas criadas e implementadas pelas personalidades indicadas à premiação.

Este ano, a Escola Judicial selecionou as indicadas com base no perfil e contribuições regionais, prestigiando aquelas indicadas que representam o papel feminino na atuação perante o Poder Judiciário. As premiadas em Roraima foram: Joana Maria Carvalho Rodrigues – terceirizada do Fórum Trabalhista de Boa Vista; Mineia Gerola Guimarães Lacerda – analista judiciária da 3ª Vara do Trabalho de Boa Vista; Patrícia Pereira Nogueira – estagiária da 1ª Vara do Trabalho de Boa Vista; Raísa Mafra De Lima – diretora da 1ª Vara do Trabalho de Boa Vista; Graciete Sotto Mayor Ribeiro – juíza de Direito do Tribunal de Justiça de Roraima; e Cecília Smith Lorenzon – secretária de Estado da Saúde de Roraima (SESAU/RR).

Depoimentos

Juíza de Direito do Tribunal de Justiça de Roraima, Graciete Ribeiro falou sobre a premiação: “Pra mim, como magistrada é muito gratificante receber este prêmio porque é uma valorização não só pela questão de gênero, mas por todo o trabalho feito. Sou presidente do Comitê Judicial de Combate ao Tráfico de Pessoas e à Situações Análogas à de Escravo. É muito importante poder fazer parte deste momento, como juíza estadual e com um trabalho voltado também para a questão trabalhista. O trabalho escravo é uma realidade social e não podemos fechar os olhos para isso. Estamos aqui para trabalhar em conjunto e parceria. É uma emoção receber este prêmio em um tribunal coirmão”.

Visivelmente emocionada, Joana Rodrigues não escondia o nervosismo e a alegria pela indicação ao Prêmio. Terceirizada desde 2013, ela trabalha na limpeza do Fórum Trabalhista de Manaus. “Estou muito feliz e agradecida a quem me indicou para receber este prêmio. Tenho 40 anos, sou casada e mãe de três filhos. Chego todos os dias no Fórum às 6h40 e fico lá até 16h, então passo mais tempo no trabalho do que em casa. Estou nervosa e ao mesmo tempo muito feliz”, disse.

A analista judiciária Mineia Lacerda é servidora do TRT-11 desde 2005 e sempre foi lotada na 3a Vara do Trabalho de Boa Vista. “Para mim foi uma grande surpresa, e uma honra ser indicada para receber o Prêmio Mulheres Formadoras e Informadoras da Justiça do Trabalho da 11ª Região. Sou servidora no TRT-11 há 18 anos. É sempre uma alegria ter o seu trabalho e dedicação reconhecidos”, declarou. Mineia é formada em Licenciatura Plena em Letras, e antes de ser servidora da Justiça do Trabalho era professora de Português para o ensino médio, e também foi servidora pública do Estado de Roraima.

Patrícia Nogueira, de 40 anos, é estagiária do TRT-11 desde março deste ano. Estudante do curso de Direito, ela realiza as atividades no Núcleo de Distribuição do Fórum Trabalhista de Boa Vista. “Receber o Prêmio Mulheres Formadoras e Informadoras da Justiça do Trabalho da 11ª Região representou reconhecimento como uma boa profissional e me motivou ainda mais a trilhar um trabalho de forma humanizada e com competência como futura operadora do direito”, declarou.

932Graciete Ribeiro, juíza de Direito do Tribunal de Justiça de Roraima e a diretora da Ejud11, desembargadora Ruth Sampaio.

933Joana Rodrigues, terceirizada do TRT-11, recebeu o prêmio da decana do Regional, desembargadora Solange Morais.

934Prêmio Mulheres Formadoras e Informadoras da JT – 2023

Acesse a galeria de fotos.

O segundo dia do Seminário Roraimense de 2023 foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Ejud11 e pode ser acessado na íntegra:

Coordenadoria de Comunicação Social
Texto: Martha Arruda
Fotos: Renard Batista

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