Da Agência CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho)
SÃO PAULO – A 10ª Turma do TRT2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região – SP) excluiu a condenação de uma empresa ao pagamento de indenização por danos morais a um empregado que namorava uma colega de trabalho. Na ação, o homem alega que a dispensa ocorreu por causa do relacionamento afetivo.
O TRT acolheu o pedido do trabalhador e condenou a empresa a pagar R$ 6 mil por danos morais. De acordo com a sentença, houve abuso de direito na conduta da empregadora ao tratar de relações interpessoais, a ponto de atingir, injustificadamente, a intimidade do trabalhador.
No entanto, a juíza-relatora Regina Celi Vieira Ferro pontuou que não há que se falar em dispensa discriminatória, pois o homem não tem o vírus HIV ou outra doença grave que suscite estigma ou preconceito.
“O reclamante foi demitido sem justa causa, recebendo todos os direitos rescisórios. Portanto, em princípio, a reclamada apenas exerceu o poder supremo de terminar o contrato de trabalho”, ponderou.
A magistrada destacou ainda que o empregado reconheceu ter recebido, no momento da contratação, o código de ética e conduta da empresa.
O documento diz que “relacionamentos afetivos entre funcionários não são incentivados, quando há possibilidade de uma situação de conflito na condução dos negócios”.
Assim, ao saber do vínculo entre os trabalhadores e analisando o choque de interesses entre as tarefas realizadas por ambos, a gerência sugeriu a transferência do homem para outra unidade, mas ele recusou a proposta.
Na decisão, a Turma levou em consideração também que não houve provas de invasão de privacidade nem de comentários por parte da direção da empresa que ofendesse a honra do profissional.
E, assim, em votação unânime, os magistrados concluíram que não se verificou qualquer abuso ou irregularidade na dispensa.
(Processo nº 1000573-32.2021.5.02.0025)