O evento representou o diálogo aberto sobre o tema bem como a manifestação das vítimas de assédio
A roda de conversa “Assédio Moral e Sexual: Teorias e Práticas de Prevenção”, promovida pela Comissão Permanente de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual, do Ministério Público do Amazonas (MPAM), ocorreu na manhã desta sexta-feira, 18, com participação de membros e servidores do MP, convidados do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região (TRT), das polícias Civil e Militar, da Ordem dos Advogados do Brasil – Secional Amazonas e do Sindicato dos Servidores do MPAM. O evento foi mediado pelo Promotor de Justiça Davi Santana da Câmara, titular da 73ª Promotoria de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, na Sede do Órgão.
“Esse momento é importante para reconhecer e enfrentar esse problema que atinge tanto a iniciativa pública quanto a privada”, disse a Promotora de Justiça e presidente da Comissão Permanente de Enfrentamento ao Assédio Moral do MPAM, Laís Rejane de Carvalho Freitas, na abertura do evento.
A delegada de polícia Débora Cristina Pereira Mafra, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher Centro-Sul, destacou que, na maioria das vezes, o abusador também foi abusado em algum momento.
“Se você é o abusador, se trate, reveja seus conceitos, nunca é tarde para mudar. Se você é a vítima, não se cale, lute até o fim”, disse a delegada.
A Advogada Sarah Serruya Assis, membro da Comissão Nacional da Mulher Advogada e Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas, destacou a dificuldade enfrentada pelos profissionais do Direito no início de suas carreias no mercado de trabalho, principalmente quanto ao demérito salarial e o subjugo sofrido por mulheres.
A tenente da Polícia Militar Viviane Farias, que atua no Núcleo de Ensino, Capacitação, Pesquisa e Projetos da Ronda Maria da Penha, afirmou que as mulheres vítimas de assédio moral e sexual, estão “adoecidas e, muitas vezes, afastadas dos ambientes de trabalho”. Ela afirmou que o problema do assédio é muito antigo, embora seu enfrentamento efetivo seja recente.
O psicólogo Ismael de Souza Rabelo, servidor do TRT da 11ª Região, lembrou que é necessário diferenciar fatos isolados de constrangimento do assédio moral, que pressupõe a reiteração da conduta. Segundo o psicólogo, nove entre dez vítimas de assédio não fazem qualquer tipo de denúncia em canais oficiais.
“O assédio pode levar à morte, são pessoas que vão se desmontando”, pontuou.
O presidente do Sindicato dos Servidores do MPAM, Marlon Bernardo, relatou um grave caso de assédio ocorrido ainda nesse ano na Caixa Econômica Federal que teve o envolvimento do presidente da instituição. Para ele, a abertura do debate é um grande avanço nas relações humanas dentro do MPAM.
“Uma modalidade de assédio moral é o institucional, que ocorre quando a conduta discriminatória é tão reiterada que contamina a regulamentação da instituição”, explicou.